
Violão usado
Em uma manhã de frio, eu acordo, olho para o lado e vejo aquele violão de muitos anos e de muitas histórias. Hoje, o violão se encontra encostado, sem vida e sem sentido, apenas ali, esquecido.
Há muito tempo sem tocar, eu consigo me lembrar do dia que ele era vida, que alegrava meus tristes momentos, que trazia música para a solidão, trazia sentido ao irreal e que, ao dedilhar algumas notas, eu conseguia me debruçar e conectar.
Agora, ele se encontra empoeirado, esquecido e com as marcas do tempo em que estava ali parado.
Hoje, para muitos, ele não tem mais valor algum. Sem tom, sem nota e sem som era o meu violão usado.
Será que ali chegou o seu fim? O final de toda sua trajetória? Seu caminho acabou? Todo sentido que ele trouxe para minha vida se findou, assim, com o passar dos anos?
Mas, ao assoprar aquele empoeirado, curar aquelas marcas do tempo e relembrar as alegrias, um novo som eu pude dedilhar. Eu reencontrei o tom e percebi, novamente, o seu valor. Tudo o que ele trouxe para mim ressoou mais uma vez. Com essa ressignificação, a melodia que ecoa em mim se conectou com aquele violão que estava encostado.
Não mais jogado, mas achado. Não perdido, porque ele foi encontrado.