Woodstock: 50 anos de influência

 

Na manhã de segunda-feira do dia 19 de agosto de 1969, milhares de pessoas deixavam os 242 hectares de uma fazenda no interior de Nova York. Atordoados por um final de semana intenso, com riffs de guitarra e gritos de  anseio por amor e liberdade, eles não sabiam naquele momento que aquilo ecoaria até os dia de hoje. Mais que um mero festival de música, Woodstock foi história, protesto e, inegavelmente, um ponto de partida. Confira algumas curiosidades sobre o maior marco da contracultura, que comemora no dia de hoje o seu cinquentenário:

 

  • Woodstock, um investimento: A experiência musical e alucinante que viria a ser Woodstock teve seu princípio imaginado para outros fins: um estúdio musical na cidade de Woodstock, em Nova Iorque. O do festival foi  idealizado por  Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld com o intuito inicial de investir o lucro dos shows no projeto do estúdio.  O rumo dessa história, mal sabiam eles, foi bastante diferente. Os valores de entrada variaram entre 18 e 24 dólares.

 

  • Problemas com a locação: De maneira quase irônica, o festival não aconteceu em Woodstock, como previsto, mas numa fazenda de gado em Bethel, vila no estado novaiorquino, pertencente ao casal de fazendeiros Max e Miriam Yasgur. Quando os organizadores entraram em conflito com os moradores do local inicial, Max e sua esposa, grandes produtores de leite do Condado de Sullivan (NYC) concordoram em ceder seu terreno pelo valor de 50 mil dólares. Ainda que representassem o extremo oposto do perfil de participantes do festival (composto majoritariamente pela comunidade  hippie), com seus princípios conservadores, eram  fortes apoiadores da liberdade de expressão.
  • Um festival gratuito: Se o plano inicial era angariar fundos para investir num projeto futuro, pode-se dizer que a ideia não funcionou. O quarteto de organizadores afirma que estimavam a presença de, aproximadamente, 50 mil pessoas. Apesar dos 190 mil ingressos vendidos, superando muito a expectativa inicial, os festival trouxe um prejuízo de quase 1 milhão de dólares. O que ninguém esperava era que, mesmo em uma época onde redes sociais e smartphones não eram sequer cogitados, a notícia sobre o evento se espalharia em tamanhas proporções. Quase meio milhão de pessoas estiveram presentes e viram Woodstock acontecer. O tumulto nas estradas e arredores da fazenda era tão grande que, em determinado momento, as cercas foram abaixadas e as pessoas puderam simplesmente entrar e aproveitar da experiência.
  • Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música”:  Esse era o lema. “Para mim, Woodstock foi um teste para ver se as pessoas da nossa geração acreditavam umas nas outras e no mundo que estávamos batalhando para construir”, relata Michael Lang, um dos organizadores, em seu livro “A estrada para Woodstock”. A experiência foi um marco da contracultura, movimento amplamente presente entre as décadas de 1960 e 1970, em que surge também o termo “hippie”. Além da música, eram incentivados o amor, a paz e os protestos contra a guerra e censura.
  • Popularização da granola: O número de pessoas presentes em Woodstock extrapolou o esperado e a estrutura pensada não foi suficiente. Dentre as dificuldades encontradas, alimentar quase meio milhão de bocas parecia uma tarefa impossível. A solução foi distribuir granola aos espectadores, um alimento prático e em abundância na fazenda. 
  • Line Up de estrelas: Grandes nomes se fizeram presentes no festival, como Janis Joplin, The Who, Richie Havens, Santana e, é claro, Jimi Hendrix, que performou com sua guitarra uma versão própria do Hino Nacional dos Estados Unidos em protesto à Guerra do Vietnã e às desigualdades racial e social. “Sua música nos leva ao campo de batalha, onde sentimos os mísseis e as bombas explodindo ao nosso redor; aos protestos e às marchas, em confronto com a polícia e os cidadãos raivosos”, relembra Michael Lang em sua obra. 
  • Os ecos de Woodstock: Até hoje, a ideia de um festival pacífico e de tamanha proporção, que emergiu entre tantos conflitos, parece utópica. Mas Woodstock foi real e seu lugar na história já é um fato. Essa foi uma grande revolução na maneira de consumir música e entretenimento e, com ela, surgem fagulhas inspiradas pelo mesmo princípio. No Brasil, nas décadas de 1970 e 1980, em meio à ditadura militar, acontece o Festival de Águas Claras, ou “Woodstock Brasileiro”. Um pouco depois, surge o Rock in Rio. Nos EUA, festivais como Lollapalooza e Coachella também beberam da fonte de Woodstock. 
  • Problemas de continuidade: Apesar das dificuldades de organização da primeira versão do festival, em 1969, ao final tudo seguiu o seu rumo. Não foi o caso com as tentativas seguintes. A cada década, uma nova versão comemorativa surge e falha ao tentar reproduzir o que foi a experiência inicial. A mais recente, Woodstock 50, em comemoração ao cinquentenário, foi cancelada de última hora devido à problemas financeiros e organizacionais. A Line Up era composta por grandes nomes como Miley Cyrus, Imagine Dragons, The Killers, Jay-Z, entre tantos outros.