Créditos: Jose Manoel Idalgo

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Final do Campeonato Brasileiro Feminino entra para a história

Créditos imagem destacada: Jose Manoel Idalgo

Corinthians foi campeão, mas a vitória foi do futebol feminino

O dia 24 de outubro de 2022 ficará sempre marcado na história. Em um sábado ensolarado, 41.070 mil pessoas lotaram a Neo Química Arena para assistir a final do Campeonato Brasileiro Feminino entre Corinthians x Internacional e viram o alvinegro se tornar Tetracampeão.

Em 14 de abril de 1941, no Governo de Getúlio Vargas, entrou em vigor o Decreto-Lei que proibia o futebol para moças. “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”, dizia o artigo 54 do decreto lei 3.199. Lei que só foi abolida em 1979, assim, por 38 anos atrasando o desenvolvimento da modalidade, colaborando com o preconceito e deixando marcas até hoje.

Jornal no Museu do Futebol SP – Foto: arquivo

Em 2019 a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a Conmebol (Confederação Sul-americana de Futebol) criaram um regulamento obrigando os times que participam de seus torneios a criarem uma equipe de futebol feminino. Um clube que não tem uma equipe feminina, não pode disputar a Série A e os campeonatos organizados pelas confederações.

Mesmo com todo o preconceito, as mulheres não desistiram e levaram o futebol feminino ao patamar que ele está hoje. Com o investimento dos clubes, essa edição do Brasileirão foi a mais disputada dos últimos anos. Junto com o crescimento da competitividade, também, cresce a paixão da torcida pela modalidade.

Créditos: Staff Images Woman/CBF

Milena Barreto de Oliveira, mais conhecida como Mileninha, atacante do Inter, tem apenas 19 anos e já disputou a Copa do Mundo sub-20, foi a melhor jogadora da Libertadores sub-16, artilheira do Brasileirão sub 18 e 20 e agora é peça chave no elenco colorado. A camisa 11 conta que sempre teve o apoio da sua família para ir atrás dos seus sonhos e se tornar jogadora, e que é muito gratificante saber que tem meninas que se inspiram nela “É com certeza um combustível a mais para continuar dando o melhor de mim todos os dias”.

No jogo de ida da grande final do Brasileirão a torcida colorada lotou o Beira-Rio. Alcançaram o recorde de 36.330 pessoas em uma partida de futebol feminino no Brasil e arrecadaram 27 toneladas de alimentos. Recorde esse que foi quebrado no final de semana seguinte pela Fiel Torcida, onde 41.070 torcedores lotaram a Arena do Timão e estabeleceram o novo recorde de público em um jogo de clubes femininos na América do Sul.

“Já tive a oportunidade de jogar em estádios cheios e cada vez é uma sensação diferente. Ver a mobilização das pessoas foi emocionante e gratificante. Espero que continuem prestigiando o que nós fazemos com tanto amor”, diz Mileninha.

 

Créditos: Jose Manoel Idalgo

Antes dos 90 minutos da volta em Itaquera, a torcida corinthiana se mobilizou na internet com a #InvasãoPorElas, com a intenção de fazer a torcida lotar o estádio. Erica Viana, 29 anos, participante do movimento, conta que foi uma equipe de 18 amigos que se mobilizou, criaram a tag, a arte e as contas nas redes sociais. Eles contaram com a participação em vídeo de Rivellino, Mc Hollywood, Rashid, entre outros, como influencers, cantores e atletas para animarem a torcida. Além, também, da colaboração da divulgação de outras páginas sobre o clube.

O engajamento foi tão grande que o próprio Corinthians aderiu ao movimento e fez publicações com a tag, além de vídeos das jogadoras e do Presidente do clube, Duílio Alves. “Não só a torcida que adotou a ideia, o clube também adotou e deu certo. A Fiel engajou muito, acredito que, por isso, o Corinthians pensou em lançar essa ideia junto com a gente”, diz Erica.

As Brabas do Timão são a referência sul-americana na modalidade e ergueram sua décima segunda taça desde a retomada do projeto que se deu em 2016. Campeãs da Copa do Brasil, Tri da Libertadores, Tetra do Campeonato Brasileiro, Tri do Campeonato Paulista e Campeãs da Supercopa do Brasil.

Créditos: Thaís Magalhães/CBF

Já as Gurias Coloradas, retomaram o projeto em 2017 e no mesmo ano conquistaram o primeiro troféu, desde a ativação, quando se tornaram campeãs do Gauchão. Em 2019 as meninas chegaram na elite do futebol, a Série A. Elas são Tetracampeãs do Gauchão e nessa temporada chegaram pela primeira vez na final do Brasileirão, além de contar com uma equipe forte na base.

“Espero que a próxima temporada seja boa para todos os clubes. A evolução de todos é nítida a cada ano. Pode-se esperar um campeonato mais disputado do que o desse ano”, fala a camisa 11.

O Corinthians arrecadou mais de 900 mil reais para os cofres do clube com a venda dos ingressos da final, assim, mostrando que o futebol feminino traz dinheiro para as equipes que investem e acreditam no projeto.

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