Resenha de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald
Como o próprio nome sugere, o novo filme do Mundo Bruxo de J.K. Rowling abrange muito mais do que a simpática trajetória de Newt Scamander apresentada no primeiro longa da franquia. A sequência estreou no dia 15 de novembro no Brasil e trouxe consigo uma visão mais aprofundada do cenário que construirá o conhecido mundo de Harry Potter.
Isso pode ser uma boa ou má notícia. Quem ficou decepcionado com Animais Fantásticos e Onde Habitam, por esperar algo mais próximo do universo do famoso bruxo, com certeza vai adorar Os Crimes de Grindelwald. A todo momento, o espectador é brindado com cenários e referências familiares: Hogwarts, um vislumbre de Nagini, o jovem Dumbledore e até um bem deslocado Nicolau Flamel. Agora, quem se apegou aos personagens (e criaturas) do primeiro filme, terão uma quebra de expectativa. Os companheiros de Newt, e ele próprio, parecem mais personagens coadjuvantes inseridos para direcionar a narrativa do que protagonistas. Não há nem o que dizer sobre seus animais (porque quase não mostram as caras), além de que suas aparições foram um pouco forçadas, mesmo que úteis.
Aliás, esta é uma impressão geral que o filme traz. Aparecem muitos novos personagens, numa tentativa de ampliar a narrativa para um gran finale, mas não trabalha muito bem os conflitos e crescimentos dos que já foram apresentados. Credence, por exemplo. Ainda que permaneça como uma peça central da narrativa, parece não possuir um espaço próprio e temos apenas um vislumbre de como é o seu interior conturbado. O próprio Grindelwald parece um personagem totalmente diferente do apresentado no primeiro filme. Tudo isso resulta em vários núcleos narrativos, confusos e complexos, que talvez funcionassem melhor em um livro do que em um roteiro de cinema.
Se existe algum personagem principal nesta história é o próprio Mundo Bruxo e neste ponto realmente o filme consegue trazer toda a densidade que quer retratar. Diferente da sensação de deslumbramento que os primeiros filmes de Harry Potter e o início de Animais Fantásticos nos trazem, somos apresentados a uma realidade impressionante, mas muito mais sombria. A todo momento temos a impressão de adentrar nos segredos sujos por trás da exuberância desse universo. A opressão não é trazida por um inimigo externo como Voldemort, mas nasce entremeada no próprio sistema bruxo e é o que permite a ascensão de Grindelwald.
Visualmente falando, o filme continua um espetáculo impecável, assim como a interpretação do elenco. Para os que já estão familiarizados com o universo criado por J.K. Rowling, Os Crimes de Grindelwald cumpre seu papel de instigar a curiosidade dos fãs e prepará-los para os próximos três filmes da sequência, que esperamos serem um pouco mais esclarecedores. Boatos de que o seguinte será no Rio de Janeiro. Torçamos para que aproveite mais da nossa cultura do que aproveitou a de Paris.