Tempestade tropical Harvey se aproxima da costa do Golfo do Texas, nos Estados Unidos NOAA/via Reuters

A força de um fenômeno natural

Agosto, setembro. É nessa época do ano que começam a surgir os famosos e avassaladores furacões no Hemisfério Norte, mais precisamente na região do Golfo do México. Em 2017, tempestades como o Harvey, Irma e Mary deixaram cidades em alerta e grandes estragos, principalmente em países caribenhos como Porto Rico, Cuba e Haiti, e em estados norte-americanos como a Flórida e o Texas. No final do último mês, o furacão Lane, de categoria 4, passou pelo Havaí (EUA) e deixou destruição.

Rachel Albrecht, professora do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP, conta que esses fenômenos começam a se formar ainda no continente africano ou na parte do Oceano Atlântico próxima à África como tempestades normais e são alimentadas pela água quente: “Se a água do Atlântico está quente, as tempestades vão seguir essas águas, porque a água quente é o combustível do furacão. Conforme ela vai indo em direção ao Hemisfério Norte, começa a ganhar rotação por conta da Força de Coriolis (força de deslocamento para o lado direito, no caso do hemisfério Norte) e começa a girar.”

A professora explica que os furacões se formam nas zonas intertropicais – entre os trópicos de Câncer (norte) e Capricórnio (sul) – e que outro ponto fundamental para que esses fenômenos venham ocorrer é o cisalhamento. Segundo Rachel, o cisalhamento é uma mudança de direção e intensidade do vento com a altura e que caso a massa de ar tenha mudança na direção, ela inclina e “mata” a rotação, fazendo com que não ocorra o furacão. Nessa época do ano,  há pouco cisalhamento na região.

“Na hora que um furacão chega ao continente, ele ainda tem toda a energia. Começa a chover, mas não tem a água quente para ele se alimentar e aí ele morre. Os maiores estragos do furacão acontecem por conta também dos alagamentos e da maré ressurgente”, afirma. Rachel cita que um dos mais avassaladores furacões que ocorreram foi em 2005, na cidade de Nova Orleans (EUA), com o furacão Katrina. Pelo fato da cidade estar em parte abaixo do nível do mar, a cidade foi alagada e  bombear a água que veio puxada pelo fenômeno se tornou difícil.

Os furações têm como nome técnico ciclone tropical, mas podem ser denominados de maneira diferente em algumas partes do mundo. Quando o evento ocorre próximo ao Pacífico Oeste, chama-se tufão, diferentemente de quando acontece no Pacífico Leste e Golfo do México, onde são chamados de furacão. Quando os ventos passam de 120 km/h, o fenômeno assume forma de rosca e é batizado pelos especialistas com uma nomes de pessoas, os quais seguem a ordem alfabética em cada estação. Por exemplo, o primeiro furacão do outono sempre começará com a letra A, de Andrew.

Para 2018, Rachel explica que, provavelmente, a ocorrência de furações será em menor intensidade. “Agora no Oceano Atlântico, a temperatura está mais baixa, por isso que não está sendo um ano tão ativo. Ano passado, nesse momento, já tinha o furacão Harvey no Texas. Além disso, está começando a se configurar o El Niño e as águas do Pacífico estão um pouco mais quentes. Isso faz com que se intensifiquem os ventos de oeste para leste, justamente o cisalhamento.”

Se você leu e ficou preocupado, pensando se um fenômeno desse pode ocorrer no Brasil, pode ficar tranquilo. A professora afirma que por conta do cisalhamento e da temperatura do mar mais fria, o Brasil não é propenso aos furacões. No entanto, com o aquecimento global, as tempestades em geral tendem a se intensificar.

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