A luta e resistência da população negra que busca sobreviver

Um povo que necessita de políticas governamentais para resistir e existir neste país

Mais que a metade de toda população do Brasil é negra, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) os pretos e pardos são 54% de todos os habitantes. Em 2021, há uma sequência de acontecimentos trágicos que deixam o Brasil com o sangue desse povo estampado.

Morte de Kathlen de Oliveira, jovem negra grávida, no Rio de Janeiro durante um confronto entre policiais no Complexo Lins. Casal branco acusa Matheus Ribeiro, jovem negro, de roubo da própria bicicleta no Leblon.

Jackson Augusto, articulador do Perifa Connection e coordenador do MNE – Movimento Negro Evangélico Brasil – relata que ser negro no Brasil é viver o tempo inteiro com o alvo apontado para você, pois a vivência dessa população, é em meio a uma política violenta e assassina que criminaliza as pessoas negras.

“Ser negro é saber que existe perseguição por instituições, pelas leis e pelo estado enquanto você reivindica por direitos básicos, como, educação e saúde, o que é negado”, diz Jackson.

A chance de um negro ser morto por Coronavírus é 38% maior do que de um branco, e 57% dos mortos por essa doença é da população negra ou parda, de acordo com os dados do IBGE. A coordenadora nacional do MNU (Movimento Negro Unificado), Leda Leal diz que a principal voz do movimento é pela sobrevivência.

“Em meio a um governo racista, genocida e fascista, as vozes do movimento negro que ecoam pelas ruas deste país, é o grito pela libertação das amarras postas pelo planalto”, explica Leda. Ela ainda diz que a falta de políticas públicas pela população negra nos quilombos, nas cidades e nas zonas rurais, fazem com que o movimento negro grite: “Fora Bolsonaro!”, afirma.

A coordenadora do MNU, explica que o governo atual tem um conjunto de ações para a eliminação da população negra, com alusão às administrações passadas, ela esclarece que hoje existe um rompimento com a lógica da valorização da população negra, tirando a visibilidade histórica que foi construída. “Hoje não existe nenhuma política voltada à população, e sim uma retirada de direitos pela falta de reconhecimento dos cidadãos negros, somos 54% de todo país e não temos reconhecimento”.

O Brasil traz 300 anos de história de escravidão, e dentre os países da América, foi o último a aboli-la, apenas em 1888, o que carrega diversas ações que ainda remetem ao racismo dessa população.

Os negros segundo o Atlas da Violência de 2019, representam 75% das vítimas de homicídio, Leda Leal expõe que os cidadãos pretos estão em uma perspectiva de ter sempre a estatística apontada ao crime. “Tem sido uma situação de muito desespero às famílias negras, nossa saída além das denúncias, são as cobranças internacionais que ajudam a denunciar esse genocídio da nossa população”.

Ao observar o governo atual, Leda diz que não enxerga uma preservação das vidas nesse momento tão importante, ela afirma: “uma guerra está estabelecida no planalto e nós temos apenas uma coisa a fazer, que é estabelecer os cuidados necessários para que possamos seguir vivos nesse país, lutando contra esse governo genocida”.

O Movimento Negro Unificado completa 43 anos este mês baseados em luta e resistência, “em nome de Zumbi dos Palmares, Dandara, Luiza Bairros, Lélia Gonzalez, Carolina Maria de Jesus e Beatriz Nascimento, nós precisamos continuar honrando nossa luta. Queremos um país livre do racismo que tenha uma democracia vivida por todos”, finaliza a coordenadora.

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