A trajetória da moda masculina

referências, conceitos e tendências são repertorio da vestimenta do homem

O decorrer dos séculos foram pautados por diversas mudanças e revoluções, transformações sociais, políticas e tecnológicas. Além disso, o mundo fashion masculino também foi palco para modificações, do terno ao streetwear, diversos costumes moldaram tendências durante esse período.

A moda se fundamenta por meio do comportamento pessoal e coletivo, que se dá por intermédio do conjunto de opiniões, gostos, modos de agir e viver. Thiago Rafael Bastos, diretor de criação e estilista de moda masculina, entende que moda é uma análise antropológica e também um termômetro do tempo. “Podemos analisar qual é a situação político econômica observando as vestimentas que estão em voga”.

O estilista, que já atuou como Senior Designer na Calvin Klein, explica que em tempos de guerra, opressão e violência, a moda normalmente é fluída, leve e bela. Com o objetivo de suavizar ou até mesmo servir como forma de escapismo à situação real. Mas, em épocas de paz, de abundância e relativo equilíbrio, se observa a alfaiataria estruturada, cintos, alterações de silhueta e formas.

Ao olhar o passado, pode-se compreender as tendências atuais. Thiago Bastos relata que desde a antiguidade já era de se enxergar o conceito do estilo masculino, por meio das pinturas clássicas que representavam os costumes daquela época.

“No século X, os homens foram os primeiros a usarem salto. Os soldados persas usavam desta artimanha para terem mais estabilidade ao empunhar seus arcos e flechas”, diz o diretor de criação. Ele ainda acrescenta que esse adereço representava masculinidade, pois ao conquistar a atenção dos europeus, o salto tornou-se um símbolo de poder, riqueza e autoridade militar, o que demonstrava mais altura que os adversários.

 Luís XIV posa com saltos – Reprodução internet 

Ainda em aspectos que remetem ao poder, o terno também entra nesse mundo como uma forma de se proteger. O conjunto de três peças – calça, paletó e colete – ficou famoso no final do século XIX. Com pequenas modificações, por meio de corte e cores, ele era a vestimenta mais famosa usada pelos homens.

Mario Queiroz, designer e professor de moda, diz que no final do período do século XIX, o homem entra em luto e com isso começa a vestir-se de preto, juntamente ao terno, fazendo desse traje um uniforme. “Com base no militarismo e por meio de uma estrutura no formato de uma armadura dos dias de hoje, o terno passa a ser a vestimenta principal do homem, pois ele entra em luto durante as duas guerras mundiais. Isso porque ele deve ser herói, não pode ser vaidoso”, esclarece o professor e autor do livro “Homens e Moda no Século XXI”.

Ao pensar sobre tendências no estilo masculino, Mario Queiroz relata que durante o período da revolução industrial os homens tinham opções limitadas: ou ele era operário e usava macacão como uniforme ou o chefe da empresa usava terno. Então, ele reafirma que “não tem uma variação daquilo que entendemos sobre moda”.

A transformação de tendências passou a acontecer na década de 1950, por conta do aumento do consumo entre a juventude. Com isso, o homem buscou uma nova forma de se vestir e se opor a essa roupa do pai ou patrão, ou seja, o terno. E a cada década ele passa a se preocupar mais com a vestimenta.

Após incontáveis avanços tecnológicos, o mercado fashion não saiu de fora disso. De acordo com a coordenadora de estilo da Crawford, Tatiana Rossi, a geração atual faz com que o mercado siga cada vez mais as tendências de comportamento, e a moda nada mais é do que um reflexo disso. “Embora o mercado masculino tenha alterações expressivamente mais lentas do que a moda feminina, com certeza as marcas têm uma estrutura para responder quase instantaneamente a mudanças bruscas para não ficarem para trás”.

Após tantas referências e conceitos, a coordenadora acredita que hoje a moda masculina é pautada na versatilidade. O homem quer se vestir de manhã para ir trabalhar, mas quer estar vestido adequadamente também para sair e encontrar os amigos em um Happy Hour. “A moda para o homem conseguiu ficar muito mais simplificada, com certeza devido à implantação de novas tecnologias e às novas necessidades criadas”, finaliza Tatiana Rossi.

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