Foto: Dean Mouhtaropoulos/Getty Images

Ajax: gerações que levam o futebol da Holanda para o mundo

O time holandês busca uma vitória sobre a Juventus para reverter um período de insucessos

Ibrahimovic, Seedorf, Van der Sar, Rijkaard, Kluivert, Van Basten, Cruyff. Em comum a essas lendas do futebol mundial, um clube: o Ajax. Criado no ano 1900, o time de Amsterdã é conhecido por ter revelado grandes jogadores para o mundo e também pelo seu passado glorioso. Dentre seus títulos mais importantes, estão as quatro orelhudas que o time conquistou na Liga dos Campeões, incluindo um tricampeonato entre 1971 e 1973. O time do Ajax foi base da seleção holandesa que foi vice-campeã das Copas de 1974 e 1978.

No entanto, a trajetória do time holandês é marcada por altos e baixos. Na temporada 1994-95, o time, recheado de craques, foi campeão europeu. Com o passar do tempo, a equipe deixou de ser uma das potências europeias para ser um mero coadjuvante nos torneios. Em algumas temporadas, o tradicional clube holandês ficava até fora da Liga dos Campeões.

Jogadores do Ajax levantando a taça da Liga dos Campeões de 1994-95 após a vitória de 1×0 sobre o Milan. Foto: AP Photo/Luca Bruno

A situação parecia mudar na temporada 2016-17. Naquela edição, o Ajax fez uma boa campanha e chegou até a final, contra o Manchester United (Inglaterra), na Suécia. O resultado de 2 x 0 para os ingleses desapontou os torcedores, mas era uma esperança de que as coisas poderiam mudar para o lado holandês. Apesar do contexto, esta temporada foi fundamental para a formulação atual do elenco do time de Amsterdã, uma vez que foi quando alguns dos principais jogadores do elenco atual entraram na equipe, como o brasileiro David Neres, vindo do São Paulo, o marroquino Hakim Ziyech, do Twente (Holanda), e os holandeses Frankie de Jong e Matthijs de Ligt, vindos da base.

O brasileiro David Neres é um dos principais jogadores do Ajax nesta temporada. Foto: Sergio Perez/Reuters

A temporada de 2017-18 foi marcada por algumas decepções, como um vice-campeonato na Eredivise (1ª divisão holandesa) e uma eliminação antes da fase de grupos na Champions League para o Nice (França). Entretanto, a temporada serviu como amadurecimento para a jovem equipe que viria a surpreender todos no mundo do futebol.

Na temporada atual, chegaram, entre os contratados, o holandês Daley Blind, do Manchester United, e Dusan Tadić, do Southampton (Inglaterra), que trouxeram o que talvez faltou nos anos anteriores: um toque de experiência para um time repleto de jovens. O projeto Ajax finalmente conseguiu colher seus frutos dos anos antecedentes, trazendo uma filosofia interessante ao futebol europeu. Em entrevista ao diário italiano Corriere della Sera, Massimo Allegri, técnico da Juventus – rival do time holandês na Liga dos Campeões -, apontou: “Por trás do crescimento do Ajax está o talento individual dos jogadores, enquadrado num sistema que ensina as crianças a jogar futebol e não as mecaniza”.

Na Liga dos Campeões, o Ajax caiu em um grupo com Bayern de Munique (Alemanha) e Benfica (Portugal) e conseguiu se classificar de forma invicta para as oitavas de final. Na fase seguinte, o maior desafio: enfrentar o atual tricampeão da Liga, o Real Madrid (Espanha). Mesmo que o time espanhol estivesse passando por uma fase ruim, os holandeses, liderados por Tadić, deram um show e se classificaram para as quartas com uma goleada histórica por 4 a 1, em pleno Santiago Bernabéu. Foi a primeira vitória do time holandês em mata-matas no torneio desde 1997 e a pior derrota em casa do Real Madrid na história do time na competição. Uma overdose de nostalgia para quem acompanhou os gloriosos elencos que marcaram época nas décadas de 70 e 90.

Juventus (Itália) e Ajax se enfrentam amanhã, às 16h, horário de Brasília, no Juventus Stadium, em Turim, no jogo de volta das quartas de final. Na ida, na Johan Cruijff Arena, os dois empataram em 1 a 1. O jogo é a próxima etapa de uma trilha difícil para conquistar a quinta orelhuda. Mesmo que a Juventus se classifique, o que muitos apostam por conta da superioridade de elenco do time italiano, seria injusto ignorar a grande temporada que o clube holandês faz. Só por chegar onde chegou e como chegou – jogando um belo futebol diante de suas limitações -, o destaque já é merecido.

Jogo de ida entre Ajax e Juventus, na Holanda. Foto: Emmanuel Dunand/Getty Images

Porém, para continuar figurando na grande competição europeia, é importante que o clube consiga ligar com um fator que ainda mexe com a estrutura dos times: o dinheiro. A Europa é o reduto dos grandes ricos do futebol, principalmente quando se fala dos novos grandes bilionários. Os gigantes europeus fazem ofertas irrecusáveis na casa das dezenas – e até centenas – de milhões de euros para cada jogador. Segurar os talentos será, talvez, o maior desafio do Ajax, quando a próxima janela de transferências se abrir.

Entre os negociados, está Frankie de Jong, vendido para o Barcelona (Espanha) por 75 milhões de euros. David Neres e Matthijs de Ligt são outros nomes que podem seguir para outros clubes por cifras da mesma altura. Em caso de um desmanche no elenco, o que não pode sair é a filosofia de jogar bonito e a grandeza desse grande clube que por muito tempo esteve adormecido nas prateleiras da história do futebol.