Foto: Paulo Adriano/Arquivo pessoal

Amor que ultrapassa fronteiras

O time de futebol é uma das nossas primeiras paixões. Desde pequenas, as pessoas são apresentadas aos clubes pelos familiares. Essa relação se desenvolve e, mesmo se mudarmos de cidade, não deixamos de torcer por eles. Foi pensando nisso que alguns dos principais times do país criaram as embaixadas, entre elas o E.C. Bahia, que abriu uma na capital paulista.

A ideia surgiu em 2011 e vem se desenvolvendo bastante em virtude de muitos baianos se mudarem para São Paulo, principal centro econômico do país. Paulo Adriano Moreira, 40, é o atual presidente da Embaixada Bahêa-Sampa e conta um pouco sobre a trajetória do grupo: “Em 2011, o Bahia começou a incentivar a criação das embaixadas fora do estado. Eu já morava em São Paulo desde 2009 e procurei o time para saber se já existia uma embaixada aqui, e tinha. O fundador foi o Paulo Márcio. Eu procurei ele e a gente engajou. Começamos a descobrir vários outros torcedores que moram aqui em São Paulo”.

No início, o grupo começou a se reunir num restaurante em Santa Cecília cujo proprietário também participou da fundação da embaixada, mas aos poucos o local se tornou pequeno. “A gente foi encontrando nossos amigos de Salvador, fazendo também novas amizades, e o negócio foi crescendo muito. Para o restaurante, era algo desconfortável, imagina chegar lá 50 pessoas de uma vez para assistir o jogo do Bahia. Acabava virando um caos”. Hoje, as reuniões acontecem na Vila Madalena, principalmente quando há jogo do Bahia.

Segundo o site do clube, há mais de 50 embaixadas tanto no Brasil quanto em outras cidades como Nova York, Paris e Barcelona. E o qual o papel da embaixada? Segundo Paulo, elas fazem a ponte entre o torcedor e o time: “Tem um papel fundamental para o clube que é incentivar a associação. Além disso, quando o clube vem para cá, nós organizamos vários eventos e o Bahia dá o maior suporte, seja para trazer jogador, ex-jogador ou até um técnico. Nós já fomos visitar o clube no hotel e tivemos a oportunidade de falar com o presidente. É uma aproximação de via dupla, a gente proporciona ao clube umas coisas, assim como conseguimos para alguns torcedores daqui alguns diferenciais interessantes”, explica.

Além de fazer essa parceria com o clube, Paulo diz que a embaixada acaba possuindo também um caráter de acolhimento, principalmente para quem se mudou da Bahia para outro estado. Ele afirma que as reuniões da embaixada são uma forma das pessoas se sentirem abraçadas fora de sua cidade. “Você está abraçando uma pessoa que está chegando agora numa terra diferente, principalmente São Paulo, que é uma terra bem mais fria que outros lugares, bem mais corrida. É uma forma de confraternizar e inclusão social. Eu costumo dizer que a embaixada é uma confraria de amigos que se encontram para matar a saudade de Salvador e para assistir os jogos do Bahia”, afirma.

No entanto, o grupo de torcedores passou por algumas situações complicadas. Paulo conta que às vezes o grupo é confundido com torcida organizada: “Em 2015, fomos assistir o jogo contra o Bragantino pela Série B. Nós organizamos dois ônibus para Bragança Paulista e o SporTV foi conosco fazer uma cobertura da excursão. Quando voltamos, à noite, chegamos na estação da Luz. Por coincidência, acontecia um evento da Gaviões da Fiel nas redondezas e quando chegamos, saímos dos ônibus com camisa do Bahia e uns oito caras da Gaviões começaram a soltar morteiro em cima da gente, gritando o nome da Bamor (torcida organizada do Bahia), queriam pegar a camisa, foi uma confusão. A gente saiu correndo com os morteiros estourando atrás da gente”.

Por conta disso, hoje o grupo não promove mais excursões dentro do estado de São Paulo. Cada um vai por si e eles se encontram na bilheteria de visitante ou dentro do estádio, por questões de segurança.

Atualmente, não há um número exato de quantos torcedores participam da embaixada Bahêa-Sampa, mas de acordo com o presidente, 450 pessoas se reuniram para assistir a final do campeonato baiano em um evento promovido pelo grupo. A embaixada está presente nas principais redes sociais e para participar: “A única coisa que a gente pede é que a pessoa comece a frequentar os jogos para depois inserirmos no grupo do WhatsApp”, diz Paulo.

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