Arte nas paredes

Pelas cidades, com painéis que exalam cores e marcas únicas a céu aberto, o grafite se transformou em grandes símbolos artísticos ao redor do mundo. Ele surgiu nos Estados Unidos e logo depois foi disseminado pelo mundo, isso, em uma definição mais contemporânea. Se pararmos para pensar, as pessoas se expressam nas paredes há séculos, com vestígios desde o Império Romano.

A grafiteira Grazie Gra, vive de suas produções artísticas e conta que a arte urbana sempre a atraiu muito. “Qualquer lugar que eu passava ficava reparando. Sempre desenhei, mas nunca pensei em ser uma artista”. Ela começou através de um workshop, que não lhe ensinou especificamente as técnicas e as práticas, mas que a fez conhecer pessoas que buscavam e tinham os mesmo sonhos e vontades que ela e afirma: “Desde quando eu peguei uma latinha de spray pela primeira vez, eu não parei mais”.

Ela compartilha do pensamento de que a arte urbana está para cidade assim como a arte está para as pessoas. “Traz uma vida diferente. Ela é colocada como um objeto de revitalização de espaços. Isso mexe com quem vê, com as pessoas. Traz energia, movimento, um olhar diferente”. Para aqueles que possuem o mesmo sonho que ela, Grazie diz: “tem que seguir em frente, buscar e estudar muito. É difícil ser um artista no Brasil. Sobretudo, estudar”.

Gustavo Lassala, 40 anos, professor, pesquisador e escritor do livro “Pichação não é pixação” conversou com a gente para entendermos um pouco mais esse desdobramento da arte urbana que é o picho. Ele conta que a diferenciação entre grafite e picho só existe no Brasil, logo, os dois têm a mesma origem. “Fora daqui, só existe o grafite, que vem de uma matriz americana e foi propagado pelo mundo”.

O professor conta que São Paulo tem um tipo de pichação específica, uma característica visual única, o que ele chama de pixação com ‘x’, “é esse movimento, nascido por volta da década de 1980, entre pessoas da periferia que se organizam em grupos e saem pela cidade espalhando o logotipo das gangues”. Gustavo explica que o que chama de “pichação com ‘ch’” seria escrever qualquer coisa na rua, um protesto político ou até mesmo uma declaração de amor.

Vindo da palavra italiana “grafitto”, o grafite significa “a escrita feita com carvão”. Ele vem como uma manifestação artística das ruas no cotidiano, que serve como ponte para todos os moradores da cidade. Entre os grandes nomes do grafite nacional, temos: Kobra, Os Gêmeos, Crânio e diversos outros brasileiros que ganharam o mundo com sua arte. E quando falamos de inspiração, Grazie Gra conclui: “eu me mantenho aberta ao que pode me inspirar externamente”.

foto:   Ricardo Cohen

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