Na ressaca das eleições

Com segundo turno da corrida presidencial definido ontem, 7, Jair Bolsonaro (PSL), que teve 46% dos votos válidos, enfrentará Fernando Haddad (PT), segundo lugar com 29,3%. Os candidatos do PSL e do PT se enfrentarão num cenário dividido, como em 2014, e também com alta rejeição para ambos. Ciro Gomes, que na última semana cresceu como o candidato menos extremista, acabou ficando em terceiro, com 12,5%. Seguindo o ex-governador do Ceará, há o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidente do PSDB e que já foi ao segundo turno em 2006, teve rendimento abaixo do esperado e amargurou com 4,8% dos votos.

Na parte de baixo, algumas surpresas. João Amoêdo (NOVO) viu seu partido, criado em 2014 e detentor de pouco tempo de televisão, superar nomes conhecidos da política e ficar em quinto lugar com mais de 2,5 milhões de votos. Outra surpresa, porém, negativa foi Marina Silva (REDE). A ex-ministra que já teve 22 milhões de eleitores em 2014, sofreu para ultrapassar a marca de 1 milhão de votos e ficou atrás também de Cabo Daciolo (Patriota) e Henrique Meirelles (MDB). No entanto, de decepção nas urnas, Marina pode virar uma personalidade importante para 2022, uma vez que seu partido, antes nanico, elegeu cinco senadores. O PSOL de Guilherme Boulos também se decepcionou ao ver seu candidato ter o pior resultado da história do partido em eleições presidenciais, com 0,6% dos votos.

Vitórias de um lado, derrotas do outro. O PT conseguiu pôr o seu candidato no segundo turno e manteve seu bom desempenho no Nordeste, como na Bahia, Ceará e Piauí, mas perdeu espaço em outros estados. O atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, ficou de fora do segundo turno, e no Acre, o partido deixou o governo após 20 anos. No Senado, o PT viu nomes importantes como Lindbergh e Gleisi Hoffmann fora da casa, além de Eduardo Suplicy (SP) e da ex-presidente Dilma Rousseff (MG) nem sequer ficarem entre os dois escolhidos de cada estado.

O PSL de Bolsonaro também sofreu uma grande baixa após seu cotado a vice Magno Malta (PR-ES) não se eleger senador capixaba, mas o partido passou de um para 52 deputados federais. Já o partido de Michel Temer teve altos e baixos. O MDB perdeu os senadores Romero Jucá (MDB-RR), Eunício Oliveira (MDB-CE) e Roberto Requião (MDB-PR), mas conseguiu eleger sete em todo o Brasil, entre eles Renan Calheiros (MDB-AL). Enquanto isso, lideranças do PSDB como Beto Richa (PSDB-PR) e Marconi Perillo (PSDB-GO) também não conseguiram suas candidaturas ao legislativo, apesar de Aécio Neves (PSDB-MG) ser eleito deputado federal.

Em São Paulo, apesar do seu grande apoiador, o ex-governador Geraldo Alckmin, ter um desempenho desfavorável, João Doria (PSDB) ficou em primeiro lugar na disputa para governador, seguido por Márcio França, que disputou ponto a ponto com o emedebista Paulo Skaf e saiu vencedor. Outro destaque foi Major Olímpio (PSL), que junto a Mara Gabrilli (PSDB) foram eleitos senadores pelos paulistas.

O que se observa nos resultados é que os tidos como partidos pequenos, como PSL, NOVO e REDE conseguiram atrapalhar e muito os grandes MDB, PSDB e PT e surgem como novas possíveis forças para as próximas eleições. Para hoje, o Brasil se encaminha para talvez o segundo turno mais polarizado de sua história. Como esse roteiro será escrito? Só saberemos dia 28 de outubro.

Foto: Portal T5

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