Cara a Cara: Gilmar Machado

Mesmo com o choque intergeracional o cartunista Gilmar Machado utiliza sua experiência para continuar satirizando a realidade

Mais conhecido como Cartunista das Cavernas, Gilmar Machado, de 57 anos, autointitulado como membro da velha guarda de chargistas, junto a outros quadrinistas renomados como, Angeli e Laerte, baseou-se nesses nomes para desenvolver suas charges críticas, apropriando-se dos fatos políticos como forma de denúncia. Representando da melhor forma os mais diversos problemas sociais de nosso país, através das ilustrações. Confira na íntegra a entrevista concedida ao Portal WHIZ.

WHIZ: Qual foi sua trajetória até o momento em que decidiu fazer charges? Quando você começou e o que o motivou a fazer tal arte?                                                                          Gilmar: Nasci no sertão nordestino, próximo a Chapada Diamantina, quando completei 9 anos, minha família mudou-se para São Paulo, passando a residir na região do ABC Paulista, zona de grande importância industrial de SP. Nos anos 80 e 90, durante toda minha jornada, me “formei” como cartunista, fazendo charges de forma autodidata. Trabalhando nos departamentos de imprensa dos sindicatos das regiões de Santo André e São Bernardo, minha manifestação política através das ilustrações teve como base os movimentos sindicais da época, o que me fez adquirir um grau de consciência política.

WHIZ: Você sente que mudou muito a forma de se fazer charges com o tempo, visto que hoje em dia existem diversas formas e jeitos de se disseminar o próprio conteúdo. Dito isso, o quanto as redes sociais impactam no seu trabalho?                                                          Gilmar: As redes sociais fizeram as coisas se tornarem mais dinâmicas do que na época do jornal impresso. Antigamente as charges criadas para serem postadas juntas ao jornal levavam um tempo considerável ao decorrer da semana para ficarem datadas. Hoje em dia, as coisas ficaram ainda mais rápidas, em questão de minutos as notícias são publicadas, porém, muitas das vezes as artes não acompanham o mesmo ritmo das informações, e em questão de minutos as charges postadas ficam velhas.

WHIZ: Atualmente as charges cumprem um papel importante para os movimentos minoritários, ajudando a expor e denunciar ao público certos casos. Olhando sobre uma nova perspectiva, como chargista, de que forma você aprendeu a se desfazer de certos estereótipos?                                                                                                                                  Gilmar: Nós passamos a desempenhar um papel importante nas denúncias do debate de minorias, até então nós como artistas não tínhamos esse debate tão amplo, e as charges vieram para solidificar e amplificar o dinamismo da comunicação, conseguindo atingir todas as mazelas sociais. No atual momento eu me considero um “profissional militante”. Por ser de uma geração antiga, tem sido uma constante re-adaptação por isso meu aprendizado tem sido diário, tendo que aprender a como tratar os assuntos e de quais termos usar, utilizando a melhor forma para descrever determinada minoria.

WHIZ: Ao publicar uma charge, qual sua intenção com elas? Que tipo de mensagem você quer passar para as pessoas que consomem esse conteúdo e o que você espera do público?                                                                                                                                        Gilmar: Atuando de forma independente, eu já fiz trabalhos de ilustrações para livros didáticos e infantis. Uma das minhas maiores felicidades veio através da publicação dos meus livros, nas bibliotecas públicas brasileiras. Com o passar do tempo, minha trajetória de projetos únicos ocasionaram outras grandes publicações, tendo agora em torno de 12 livros publicados, sendo 6 adotados para distribuição em bibliotecas públicas, via programa de incentivo cultural. Mesmo que muitas vezes o papel fique “pequeno”, pois nem todas as ideias conseguem entrar em uma única folha, com o meu trabalho tenho o objetivo de alcançar o público de diversas formas, como por exemplo, a exposição que fiz ao ar livre, que teve um respaldo grande tanto da mídia quanto do público.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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