Cara a Cara: Raphael Pereira

Em um contexto social no qual há pouco tempo, querer sair do padrão e inovar na forma de se vestir era motivo de piada, os dias de hoje mostram-se muito diferentes, cada vez mais pessoas se interessam por moda, possibilitando que outras opções de consumo apareçam no mercado, entre elas, as nacionais. Mas por que devemos valorizar as marcas nacionais?

Trocamos uma ideia sobre o tema com Raphael Pereira, que atualmente pode ser considerado referência na moda por inúmeras pessoas. Você provavelmente já viu pelo menos um de seus trabalhos, Raphael é a mente por trás do outfit de vários de seus artistas favoritos. Neste bate-papo, focamos na Mood Concept, seu primeiro projeto no cenário.

Entrevista com Raphael Pereira

WHIZ: Quando e como a Mood surgiu?
Rapha: A ideia da Mood surgiu em 2015, junto à vontade de entrar no cenário streetwear nacional independente e ser meu próprio patrão. O primeiro drop aconteceu em 2016. Já tinha consciência de que a marca poderia me proporcionar muita coisa. O reconhecimento e respeito de hoje vieram a partir da Mood.

WHIZ: Como era a cena na época e o que mudou até então?
Rapha: Totalmente diferente do que é hoje. A gente fala que era “mato”. Óbvio que já existiam outros trabalhos muito relevantes como a High e a Piet, mas é incomparável com o que é hoje. Com certeza temos milhares de marcas no Brasil, muitas delas pequenas, que merecem mais reconhecimento. Hoje temos mais recursos, mais acesso, mais private labels, mais pessoas especializadas. Um mercado muito mais fomentado e aquecido. Costumo dizer que se a Mood começasse hoje seria muito mais fácil.

WHIZ: No seu ponto de vista, por que devemos valorizar as marcas nacionais?
Rapha: A gente tem que apoiar as marcas nacionais pelo óbvio, por serem nacionais. A gente vê em vários lugares do mundo grandes marcas sendo levantadas pela galera local e nossa cultura, por mais que beba muito da fonte americana e europeia de referências, ainda é única e de certa forma não precisa do resto do mundo pra ganhar dinheiro, vender, construir uma identidade e trazer credibilidade. Nosso mercado gira aqui. Nosso mercado é totalmente autossuficiente e basicamente por isso a gente precisa valorizar nosso corre. A cultura do streetwear é uma cultura de sociedade, que todo mundo anda junto e se ajuda. Assim que tem que ser.

WHIZ: Se você pudesse escolher, qual seria a peça ou coleção da Mood mais marcante na trajetória até então?
Rapha: A camiseta mais marcante da Mood, no meu ponto de vista, é a “Believe In Your Sh*t”, que é a mensagem que mais quero passar na minha passagem nesse plano. Acho que vim aqui pra isso, pra passar essa mensagem que a camiseta trás: acreditar em você, ser real e leal consigo mesmo e não parar de fazer isso, que uma hora vai dar certo.

WHIZ: Seguindo essa mesma linha, se você pudesse escolher, qual seria o evento/momento mais marcante que sua marca esteve presente?
Rapha: Não consigo pensar em um momento, teve muita coisa, seja o Filipe Ret usando a marca no álbum Imaterial, um vídeo do L7nnon andando de skate ou o aniversário do Matuê que estava com nosso moletom. Difícil falar uma só.

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