Nada como um dia após o outro

Em todo percurso pela cidade, diversas realidades passam despercebidas

Ouvir Racionais me preparando para sair, sem dúvida é a melhor forma de iniciar o dia. Ainda é cedo e nem estou pronto para fazer um ‘pião’. As letras que tocam no fone orientam minha longa jornada, enquanto representam a realidade de uma população excluída.

Todo rearranjo urbano de São Paulo e suas disparidades são expostas ao longo do percurso. Ao sair da zona sul da cidade, muitas realidades se entrelaçam. Antes mesmo de embarcar no ônibus rumo ao metrô, diversos trabalhadores saem de suas casas para o centro. Olhares cansados, costas encurvadas, quase sem motivações.

Após embarcar no ‘5123-10’, até o metrô é um trajeto de 15 minutos até a estação mais próxima, linha azul, uma das primeiras linhas de metrô do Estado. Durante esse momento, continuo ouvindo Racionais, e em paralelo, a paisagem urbana se altera pela primeira vez, tornando-se cada vez mais vertical, com prédios de diferentes tamanhos “engolindo os céus”.

“Em São Paulo, terra de arranha-céus”, a paisagem de tijolos laranjas se vai, casas antigas e novos edifícios tomam conta da cidade. No metrô é horário de pico, a única coisa que enxergo são pessoas e mais pessoas.
Enfrentar a fila, rodar a catraca, esperar o vagão, durante uma boa parte do trajeto vejo o completo cinza, entre baldeações e caminhadas uma nova “paisagem” se revela. Pessoas com diversos estilos andam como se estivessem em passarelas. Diferenciando-se da cultura ‘mandrake’ da periferia, o que reflete diretamente na diversidade cultural de São Paulo.

Ao final dessa viagem, faço baldeação novamente para a linha amarela, em direção a Higienópolis, pronto para mais um desafio. Quando estou pronto para dar meus últimos passos, penso que as diversas regiões de São Paulo não se limitam apenas pela distância física. Os bairros do centro estão em constante desenvolvimento cultural, abrigando alguns dos pontos culturais mais importantes da cidade, atraindo turistas e moradores. Tendo uma excelente infraestrutura de transporte, o centro conecta as mais diferentes formas de expressão artística.

E mesmo estando cansado do trajeto, prossigo com meus últimos passos, afinal, nada como um dia após o outro dia.”

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *