Nirvana do skatismo

A cultura do skate sempre me fascinou. Eu não digo o ato de andar de skate em si, mas a cultura por trás da ação, a história e o que acontecia ao redor das pistas de skate. Os filmes e séries americanos dos anos 1990 e 2000, que eu via na televisão quando era criança, retratavam jovens em espaços públicos em cima das pranchas de madeira ouvindo hip hop, usando roupas largas e estilosas e bebendo refrigerantes baratos e coloridos.

Eu acreditava que estar debaixo do sol, deslizando por aquelas pistas, rodeada de pessoas legais era um ápice que eu tinha que atingir. Por isso conectei que precisava fazer uma lista e ir seguindo passo a passo todas as etapas até que atingisse o que eu chamava de “Nirvana do Skatismo”. Não queria praticar o esporte para atingir o auge de estar em campeonatos e ganhar prêmios. Eu queria atingir o auge da cultura: ouvir hip hop debaixo do sol na pista de skate com meus amigos.

Naquela época, não conseguia enxergar que eu nunca precisei de um skate para fazer isso, mas estranhamente ter aquele pedaço de marfim embaixo dos pés fazia eu me sentir pertencente tanto ao lugar quanto às pessoas. Se eu tivesse uma câmera, teria documentado o quão nítido aqueles meninos e meninas queriam fazer uma carreira dentro do esporte – e não me sentia menor por simplesmente querer me divertir, na verdade, eu sentia que de certa maneira estava acompanhando a jornada de pessoas que se tornariam conhecidas mundialmente dentro do skatismo.

Acredito que sempre vou apreciar o esporte e a cultura na mesma medida, mas a sensação de viver o cotidiano americano que filmes como “Mid90s” retratavam me fez muito mais feliz. Apesar de nunca ter conseguido fazer uma manobra sequer, vivenciei muitos amigos fazendo-as e nunca neguei uma volta de skate pela avenida enquanto o sol se punha e nós bebíamos os mesmos refrigerantes baratos e ouvíamos hip hop dos anos 1990.