O poder de mudança na palma da mão

Aliada nas reivindicações, internet tem se transformado por meio da ação dos jovens

Em um cenário em que a imparcialidade não se enquadra, cada vez mais pessoas mudam seu comportamento na internet, fazendo com que suas pautas políticas caibam dentro do universo digital. O ativismo dentro das redes sociais vai desde a escolha por filtros em fotos de perfil, compartilhamentos de posts e imagens de determinada crença até a organização de eventos como manifestações, atos e greves.

O contexto político mundial atual representa o auge da importância das mídias sociais nas campanhas políticas. Exemplos disso foram as eleições brasileiras de 2018 e a Primavera Árabe em 2011. Nesses acontecimentos, plataformas como Twitter e Facebook mostraram seu poder ao serem capazes de antecipar e alterar os resultados de uma eleição presidencial, bem como organizar manifestações responsáveis pela derrubada de governos como no Egito ou em outros países.

E onde se encaixa a juventude? Segundo o IBGE, os jovens entre 20 e 24 são os mais conectados (88,4% dessa parcela da população têm acesso à rede). No Brasil, os jovens tomam conta das redes sociais, seja pelos memes, pelos vídeos ou pelo engajamento político.

Páginas como Catraca Livre e MBL (Movimento Brasil Livre), ou até partidos como o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) têm uma presença online forte, com o intuito de atingir o público jovem e divulgar suas ações.

Em outras partes do mundo, a situação é parecida. Adolescentes, crianças e jovens adultos dominam a internet e não escondem suas preocupações e suas opiniões sobre tudo que acontece dentro e fora de seu país.

Leonie Lippl, alemã de 21 anos, é dona da conta healthyfeminism no Instagram e conta com mais de 40 mil seguidores. Leonie identifica sua conta como educacional e busca em seus posts discutir assuntos como igualdade de gênero, machismo e outros assuntos referentes ao universo feminista. “Não escolhi o Instagram de propósito. Minha conta era pessoal, a princípio, até um ponto em que eu compartilhava tanto da minha opinião que cheguei aonde estou hoje’’, afirma a alemã. A dona do perfil diz que não acha que a nova geração, a qual ela pertence, mudou o propósito original das redes sociais. Para ela, ‘’ discussão e educação a qualquer momento e onde quer que estejamos’’ é a proposta original das mídias sociais e é isso que ela e muitos outros fazem.

O ‘boom’ das redes sociais somado ao espírito de reivindicações intrínseco à modernidade, em um contexto em que o aquecimento global, a desigualdade social e o Estado ameaçam o futuro, fazem com que a população no começo de sua vida adulta se torne política e engajada, de forma a colocar nas redes sociais seus apelos e anseios.

Para uma uma geração conectada vinte e quatro horas por dia, que procura deixar sua marca por meio de uma forma virtual de expressão, a internet e as redes sociais tornam-se um espaço de denúncia e de contestação.