Psicologia e moda: um diálogo essencial

Nova disciplina em Psicologia aplicada integra e executa a ciência psicológica e suas ferramentas terapêuticas ao campo da moda e da imagem pessoal.

Como o nosso estilo e comportamento se relacionam? Essa é a pergunta que a Fashion Psychology se propõe a responder. Ainda emergente no Brasil, o  setor busca aplicar os conhecimentos das psicologias cognitiva-comportamental, social e do desenvolvimento, e positiva para examinar emoções, processos mentais e sociais envolvidos no vestir e na autoimagem.

Não apenas sobre tendência, a moda se trata de personalidade e expressão. Dessa forma, nossa essência pode ser captada pela forma como nos vestimos, e, por consequência, nossa imagem pode refletir na maneira como atuamos e interagimos com o contexto. Psicóloga formada pela PUC- Minas, Débora Blaso Moreira, 29, acredita que “uma construção saudável e coesa a respeito de si mesmo e da sua própria imagem, torna-se um fator que impacta diretamente na saúde física e emocional de indivíduos”.

No cotidiano, uma boa noção da autoimagem é extremamente importante. Entender, primeiramente, como “funcionamos” é fundamental para compreender o modo como nos apresentamos em determinada situação, seja por mensagens transmitidas pelo visual exterior, ou a própria postura corporal.

Entende-se como imagem pessoal o conjunto dos seguintes elementos: aparência física, traços de personalidade, características de voz e fala, entre outros. Sua influência se estende para inúmeros contextos, inclusive a esfera profissional. “É comprovado que isso impacta diretamente na carreira, através, por exemplo, do nosso desempenho, que pode ser influenciado pela forma como nos vemos.  Nossa imagem pessoal influencia nos processos cognitivos mais básicos (atenção, concentração, tomada de decisão, criatividade, etc)”, reforça Débora.

É importante ressaltar que, nesse caso, a questão não é aplicar o conceito do belo, nem tampouco enaltecer um único padrão de vestimenta a ser seguido, afinal, o ponto chave desse segmento é priorizar a personalidade individual. Débora busca, em seus atendimentos, trabalhar a imagem pessoal de determinada pessoa, associada à autoestima e a vestimenta. “Hoje, o meu principal serviço é o treinamento que recebe o nome de Re-forma Visual. É um processo com foco em mudança comportamental, modificando e aperfeiçoando comportamentos e hábitos relacionados ao processo de se vestir e de se apresentar visualmente ao mundo, desenvolvendo a autoimagem, autoestima e confiança”, explica.

Débora também destaca a importância das experiências físicas para a construção da identidade, enfatizando como essas são responsáveis pela formação e abstração dos significados simbólicos. Cognição Indumentária é o termo utilizado para nomear a  influência das roupas nos processos cognitivos e psicológicos, que afeta diretamente a forma como pensamos, sentimos e agimos.“Num segundo momento, minha função é traduzir esses aspectos, desejos e objetivos em um plano de estilo que contempla desde treinos de habilidades comportamentais até roupas, acessórios, corte de cabelo, etc.”, conclui Blaso.