Resenha: O Gambito da Rainha

Originado no século XI, na Índia, o xadrez tem uma história riquíssima. Durante séculos, matemáticos e pesquisadores estudaram as infinitas possibilidades que o jogo oferece e ajudaram a mostrar a complexidade desse esporte mental. “O Gambito da Rainha”, a nova minissérie original da Netflix, ajuda a aumentar ainda mais o imaginário popular acerca deste jogo milenar.

Ambientada nos anos 1950 e 1960, a série acompanha a jovem Beth Harmon, interpretada por Anya Taylor-Joy. Após perder a mãe e se tornar órfã, Beth passa a morar em um orfanato, lugar onde descobre um incrível talento para jogar xadrez. No decorrer dos anos, Harmon se torna uma das mais brilhantes jogadoras do mundo, mas seus problemas com vícios provocam algumas barreiras em sua carreira no esporte. Ao longo de sete episódios, a série mostra a trajetória e ascensão da jovem em um cenário amplamente dominado por homens.

A trama é uma adaptação de um livro escrito por Walter Tevis, publicado em 1983 e, apesar de não ser uma história real, consegue colocar muito realismo em seu roteiro. Por se passar há mais de 50 anos, a minissérie aborda várias críticas sociais, principalmente o machismo, e a forma como o xadrez é retratado não decepcionará os fãs do jogo. Nessa parte técnica, um dos conselheiros da série é nada mais, nada menos que Garry Kasparov, considerado o maior enxadrista de todos os tempos.

Um dos grandes destaques da produção é, sem muitas dúvidas, Anya Taylor-Joy. A atriz anglo-argentina, muito conhecida por seus papéis em “Fragmentado” e “A Bruxa”, encontra aqui um dos principais trabalhos em sua curta, mas já elogiada, carreira. Anya interpreta uma personagem bastante complexa e que precisa lutar para encontrar seu lugar em um mundo machista e preconceituoso. Sua conturbada relação com algumas drogas também é extremamente bem interpretada pela atriz, que consegue transmitir uma presença de cena única.

Apesar de perder um pouco de fôlego em sua metade, a série se recupera na última parte e, por mais curioso que pareça, entrega cenas alucinantes de partidas de xadrez, o que inclui o tão esperado e bem executado embate final.

No final das contas, “O Gambito da Rainha” é mais um exemplo de acerto da Netflix em suas ótimas minisséries originais. Para quem pratica e está inserido de alguma forma no universo desse esporte, a série pode funcionar como uma declaração de amor ao xadrez. Para os que nunca jogaram e conhecem pouco o assunto, é uma ótima oportunidade para criar interesse e aprender a jogar aquele que é, talvez, o mais complexo jogo já criado pelo ser humano.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *