Moda sem gênero: um símbolo de mudança

O SPFW (São Paulo Fashion Week) edição de número 47 se inicia nesta segunda-feira, 22. O evento é aguardado por amantes do universo da moda que esperam ver o resultado da coleção de marcas com propostas diferentes. Uma delas seria a de moda sem gênero das marcas Också, Another Place, Neriage e Beira.

Para entender esse estilo que não faz tanta parte do dia a dia de muita gente, há o termo Androginia. Nele, utiliza-se peças emprestadas do guarda-roupa do gênero oposto para construir suas próprias composições.

E já que as tendências costumam seguir os comportamentos e ideologias de uma época, o conceito de moda sem gênero veio para acompanhar a Androginia e criar um estilo que ultrapassa as questões de gênero atuais. Com seu ápice em 2010, essa moda permitiu nenhuma distinção no que vestir entre homens e mulheres.

Mas o que tudo indica é essa tendência veio para ficar se depender dos novos estilistas do mercado. É o que contam Nilo Barreto e Yágda Hissa, designers e craidores da marca unissex Pangea: “Primeiramente, a importância do design unissex é trazer a discussão sobre identidade e expressão de gênero. Vemos cada dia mais crimes motivados por ódio e homofobia, como essas minorias estão sendo atacadas e reprimidas, não tendo voz ou direito de expressão. Vemos a moda como um meio de colaborar nessa comunicação, servindo para informar e conscientizar as pessoas, desfazendo padrões impostos pela sociedade e trazendo mais tolerância às relações entre a pessoa e seu vestuário. É pela moda que nos comunicamos, que passamos a pertencer a um grupo, então ela vem para acolher e incluir àqueles que, pelos padrões, são excluídos e não tem como se expressar já que não se encaixam no modelo binário. Ter marcas que abraçam esse conceito/causa, que acabam por dialogar com esse universo, tem a responsabilidade de informar mais ainda a sociedade de que há muito além da simples denominação “feminino” e “masculino”, aproximando-os cada vez mais a essa realidade, desmistificando esse assunto visto como um tabu, mas sendo algo tão simples… Pessoas usando roupas e só”.

O casal complementa: “Compartilhamos da mesma visão de que nenhuma marca pode limitar ou tanger as escolhas dos clientes e que cada pessoa tem o direito de livre expressão, principalmente na moda, lugar conhecido por sempre aceitar as diferenças. Essa segmentação acaba excluindo aqueles que não se identificam com esse sistema binário e queremos possibilitar a inclusão dessas pessoas, fazendo delas o principal fator significante da peça e não o contrário. A moda agênero tem por intenção livrar cada peça de roupa de seu estereótipo e possibilitar que cada um expresse sua identidade de gênero como desejar”.

Quebrar padrões está na moda desde que Coco Chanel trouxe uma nova roupagem para as mulheres da época, baseadas na modelagem masculina. Aguardamos mais uma grande alteração no universo fashion como esta até hoje. Será que essa mudança será a moda sem gênero? Não podemos determinar o mercado, no entanto alterar as araras das lojas setorizadas seria a verdadeira revolução esperada em relação a sociedade atual.

“No Brasil ainda é um movimento tímido, conheço poucas marcas que trazem a essência do genderless em suas criações, mas creio que seja algo em crescimento, que em breve será mais comum e mais conhecida do que atualmente”, concluem Nilo e Yágda, os visionários de uma moda que se transforma a cada dia.