O preconceito nos pedais

Foto: Brutas do Pedal

Tudo o que elas querem é pedalar, mesmo com obstáculos sociais

“Mais radical do que descer pirambas, é ser mulher no esporte” , diz a Mountain Biker, Juliana Paniago. As Brutas do Pedal são um grupo de mulheres de Goiânia que se juntaram para pedalar entre pedras, subir e descer montanhas. Elas pedalam juntas desde 2013, mas suas vidas tomaram rumos diferentes. O grupo segue firme com umas a mais ou a menos, mas acima de tudo elas são amigas, mesmo que não consigam pedalar sempre. O esporte ainda é um ambiente masculino, e elas relatam diversos casos de machismo e preconceito em sua trajetória esportiva.

Ludmilla Andrade explica que o machismo nos pedais tem duas formas: existem aqueles que não querem pedalar com mulheres por não querer ter que esperar, por elas “serem mais fracas”, e aqueles que não querem pedalar com mulheres por medo de perder pra elas, por medo de ter o ego ferido. Lucélia Santos conta um acontecimento da época que pedalava com os amigos de seu marido. Um determinado dia, eles estavam pedalando e ela ia ultrapassar um deles, esse disse: “você não passa na minha frente, se você passar eu vou te chutar, vou te derrubar”. Ainda comentou as diversas vezes que o marido não queria que ela fosse pedalar com seus amigos, pois eles não gostavam da companhia dela, por ela ser muito boa e os fazer sentir menores.

Juliana, hoje, participa de competições e conta que, em Goiânia, existem competições que não aceitam mulheres, e as que aceitam têm um prêmio inferior em comparação ao prêmio masculino, mesmo se as provas tenham a mesma duração e o mesmo percurso. Ela conta que é desmotivador e que as mulheres acabam por não se interessar, já que são desvalorizadas.

Ludmilla ainda conta que o preconceito de mulheres para mulheres é constante, as esposas sentem ciúmes se os maridos pedalam com mulheres, e elas se encontram em uma situação sem saída. A falta de segurança faz com que elas tenham medo de pedalarem sozinhas. Lucélia nunca se conformou com o fato de não “poder” pedalar sozinha, ela dizia não ter medo, e ia mesmo assim, mesmo com a consciência de que algo poderia acontecer com ela, o que nunca aconteceu. Provando que elas têm sim liberdade para fazer o que querem.

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