Trabalhando fora da caixa

Espaços diferenciados de trabalho podem afetar positivamente o desempenho profissional.

Ainda que a proposta tenha surgido no início da década passada, foram nos anos de 2016 e 2017 que a grande tendência dos coworkings explodiu no Brasil. Uma fuga dos tradicionais escritórios, e até mesmo do home office, esse ambiente diferenciado é uma crescente no mercado, além de uma revolução para o empreendedorismo de pequenas empresas e trabalhadores autônomos.

A ideia do Coworking é funcionar como um espaço não apenas de trabalho, mas de trocas. A estrutura segue, muitas vezes, o modelo do escritório padrão, onde são disponibilizadas mesas, internet e recursos básicos de trabalho e conforto, com o diferencial de funcionar como um espaço independente. Dessa forma, não existe necessidade de se manter frequência regular ou um contrato de longo prazo, o que resulta, por exemplo, na rotatividade de pessoas das mais variadas áreas trabalhando em conjunto. Essa iniciativa se destaca também por ser uma alternativa econômica, visto que as despesas são divididas.

Ricardo Pizarro, 45, representa o grupo Be Coworking, localizado no bairro de Higienópolis, na capital paulista. Ele acredita que a leveza resultante de um ambiente menos tenso e formal de trabalho favorece a criatividade, a produtividade e tende a ser mais prazeroso para o profissional. “Em relação ao home-office, o coworking apresenta a vantagem de ser um ambiente isolado do dia a dia doméstico, com toda a estrutura e recursos de uma empresa, preparado inclusive para receber clientes. Em relação ao escritório tradicional o coworking apresenta a vantagem de oferecer uma estrutura completa por um menor custo e facilitar o networking”, explica Pizarro.

O networking costuma ser um grande atrativo nos espaços compartilhados. “O coworking deve promover atividades para integrar seus usuários e é natural que gere além de negócios e parcerias, novos círculos de amizades entre os frequentadores”, afirma o empresário. A diversidade é a grande questão nesse caso e permite estender o ciclo de relações dentro dos âmbitos profissionais e sociais, sendo benéfico principalmente para negócios em estágio inicial e trabalhadores freelancers. 

Pode parecer simples, mas a escolha de um ambiente de trabalho gera impactos significativos na economia do país. Segundo o Censo Coworking 2018, 127 milhões de reais foram movimentados ano passado, fruto dessa explosão recente no mercado que gerou mais de 7 mil empregos diretos. Para Pizarro “o coworking reduz radicalmente os custos operacionais para o freelancer, profissional liberal e empresas, oferecendo estrutura de qualidade para que os mesmos possam trabalhar e receber seus clientes com qualidade, sem se preocupar com administração de espaço, infraestrutura e equipes de apoio próprias. Reduzindo os custos operacionais de nossos clientes, contribuímos para maior competitividade dos seus negócios, e quanto mais competitivo forem os negócios, mais pujante a economia do nosso país”.

Para sair do comum, muitos coworkings buscam se reinventar como forma de inovar e motivar o trabalhador, variando desde decorações criativas e interativas, até a disponibilização de espaços comuns, como cafés, para relaxar ou socializar. Outra forma de incentivo é a implementação de coworkings gratuitos, como ocorrido em Taipas, periferia na Zona Norte de São Paulo. Em Curitiba, foi implementado, pela Porto Educação, um espaço focado exclusivamente neste setor, onde é possível realizar aulas particulares, correção de provas e preparação do material didático.

“Crescer junto com os nossos clientes, criando e oferecendo espaços de trabalho cada vez mais prazerosos e exclusivos, polo gerador de novos negócios, altamente produtivos, mas sem o stress e a pressão dos escritórios corporativos”, reforça Pizarro, a motivação do grupo Be Coworking. Os espaços compartilhados são, sobretudo, uma proposta para sair do comum e conquistar um novo olhar sobre a forma de se produzir.